Não é segredo que praticamente todas as atividades e equipamentos utilizados hoje em dia exigem energia. Celulares, computadores, máquinas de hospital, eletrodomésticos, carros, tudo isso depende de energia. Com as constantes inovações tecnológicas, a tendência é que os novos equipamentos e ferramentas contribuam ainda mais para a expansão da demanda energética.
Somado a isso, há ainda o crescimento da população. De acordo com um novo relatório das Nações Unidas, a população mundial deve crescer em 2 bilhões de pessoas nos próximos 30 anos, passando dos atuais 7,7 bilhões de indivíduos para 9,7 bilhões em 2050. O aumento do número de pessoas no mundo implica também no aumento do consumo de energia.
Tudo isso vai de encontro a um fato preocupante: de onde vamos retirar essa energia? Manter o padrão de vida que temos atualmente será viável, considerando as fontes energéticas que utilizamos? Está aí o grande desafio energético da humanidade no século XXI, já que os combustíveis fósseis correspondem a 81% da energia usada atualmente, e devem acabar em breve.
Mais do que trocar as fontes energéticas, precisamos fazer isso de forma eficiente para atender a demanda, e o pior - temos um prazo para fazer isso.
Quer entender como isso poderá ser feito e quanto tempo temos para mudar nosso consumo de energia? Confira tudo neste artigo:
Matriz Energética
Primeiro, vamos entender o consumo energético do mundo. Em 2016, 31,9% a energia gerada no mundo vinha do petróleo, 27,1% do carvão, 22,1% do gás natural, 9,8% da biomassa, 4,9% da nuclear, 2,5% da hidráulica e 1,6% corresponde a outras fontes.
O problema é que as três principais fontes de energia são não renováveis; ou seja, não vão durar para sempre. Algumas estimativas apontam que, mantendo o nível de consumo que temos hoje, o petróleo deve acabar por volta de 2052, o gás natural em 2060 e o carvão em 2088. Tratam-se de estimativas que podem mudar, conforme novas reservas são encontradas, mas mesmo assim acendem um alerta.
Ou seja, temos até o fim do século para trocar as fontes energéticas mais usadas no mundo inteiro por outras renováveis.
Apesar de ser uma questão preocupante, não é motivo para desespero: na verdade, é uma excelente oportunidade de desenvolvimento para o mercado as energias renováveis. O Brasil, por exemplo, tem um panorama favorável, com o uso de fontes renováveis já em crescimento. Atualmente, 83% da matriz elétrica brasileira é originada por fontes renováveis, de acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros. A hidrelétrica (63,8%) está na liderança, seguida da eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%).
Eficiência energética e diversificação de fontes
Além de substituir as fontes energéticas, temos que garantir que elas sejam usadas de forma eficiente, pensando em formas econômicas de fazer isso. A energia hidrelétrica, fonte renovável mais usada no Brasil, por exemplo, ajuda no objetivo de redução do consumo de fontes de energia fósseis, mas é preciso considerar alguns pontos.
As usinas hidrelétricas têm enorme potencial, mas sua disponibilidade de energia depende, muitas vezes, do nível dos rios em que se encontram. Isso acaba criando certa instabilidade, como aconteceu em 2017, quando o nível dos reservatórios das usinas abaixou. Com isso, a conta de luz ficou muito mais cara, e tivemos que recorrer à usinas termelétricas para suprir a demanda.
É claro que podemos continuar usando as usinas hidrelétricas, afinal, o Brasil possui 12% de toda água doce do mundo. Mas ao invés de concentrar toda a produção de energia em uma única fonte, podemos extraí-la de diversas outras também. Isso vai garantir que a demanda da população seja atendida, evitando uma crise energética, e ainda prevenir o encarecimento das contas no caso da falta de recursos.
A diversificação das fontes de energia, focando em estratégias de eficiência, é o caminho para vencer o desafio energético do século XXI. Isso vai gerar ainda diversas oportunidades no mercado da energia.
Mas quais são essas fontes? Confira as principais:
1. Energia Solar Fotovoltaica
A energia solar fotovoltaica é uma fonte alternativa, renovável, limpa e sustentável. É gerada a partir da conversão direta da luz do sol em eletricidade, através da instalação das placas solares e demais equipamentos que formam os chamados sistemas fotovoltaicos.
A energia fotovoltaica têm apresentado crescimento expressivo no Brasil e no mundo, oferecendo redução de gastos com energia elétrica para a população, empresas e governos. Além disso, atende aos requisitos de sustentabilidade, sem emissões de gases de efeito estufa, ruídos e resíduos
A tendência é que o uso dessa fonte energética cresça ainda mais nos próximos anos: o montante previsto em investimentos até 2025 referentes aos projetos já contratados em leilão é de R$25,8 bilhões.
2. Energia Eólica
A energia eólica é outra opção que apresenta futuro promissor. O vento é usado como gerador de energia, há séculos, em sistemas como o bombeamento de água, a moagem de grãos e a movimentação de barcos. A ONU (Organização das Nações Unidas) classifica a energia eólica como MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e a colocou como prioridade para investimentos no incentivo à chamada economia verde.
No Brasil, a energia eólica alcançou a marca de 15 GW em capacidade instalada, passando a ocupar o segundo lugar em relevância na matriz elétricas brasileira, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
3. Biomassa
A biomassa ocupa o terceiro lugar no ranking de fontes energéticas mais usadas no país. Obtida pela queima de materiais orgânicos, entre as fontes de biomassa mais usadas estão o bagaço da cana-de-açúcar, a casca de arroz, o cavaco de madeira e capim elefante.
Prejuízos de combustíveis fósseis
Além da preocupação com a demanda energética que tende a crescer cada vez mais e a escassez dos combustíveis fósseis que se aproxima, é preciso considerar ainda que enfrentamos o desafio da sustentabilidade. O uso dos combustíveis fósseis gera diversos impactos não só ao meio ambiente, mas à saúde da população em geral.
Impactos ao meio ambiente
A poluição ambiental é uma questão preocupante, e os combustíveis fósseis contribuem ainda mais para o aumento desse problema. O dióxido de carbono, gás liberado durante a queima desse tipo de combustível, é o principal responsável pelo aquecimento global. O dióxido de enxofre, poluente liberado durante a combustão, causa chuva ácida.
Outro grande prejuízo ao meio ambiente são os riscos do transporte dos combustíveis fósseis por meio de navios. Vazamentos em petroleiros ou navios carregados de óleo já causaram danos irreversíveis aos mares, como aconteceu no final de 2019 nas praias do Nordeste.
Impactos na saúde
No que tange o bem estar da população, a poluição produzida por automóveis que utilizam combustíveis fósseis e usinas de carvão pode resultar em sérios riscos à saúde. Doenças pulmonares como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer de pulmão são ocasionadas pela exposição a essa população. A exposição prolongada pode aumentar as infecções respiratórias na população em geral. As crianças e os idosos são mais vulneráveis a partículas finas e outras substâncias tóxicas no ar.
Crescimento do mercado de energia renovável
Já deu para entender que o setor de energia precisa passar por grande mudanças nos próximos anos. A substituição das principais fontes energéticas do mundo por fontes renováveis vai exigir profundas modificações. Este processo não será rápido, mas apresenta um futuro promissor com o desenvolvimento de novas empresas e oportunidades.
O Brasil já sai na frente não somente por concentrar grande parte dos recursos naturais que podem ser utilizados para geração de energia, mas por já estar desenvolvendo projetos na área e implementando medidas que incentivem o uso de fontes de energia renováveis.
Um exemplo é a Resolução Normativa 482, instituída pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Até poucos anos atrás, a única opção era consumir a energia da rede elétrica. Em 2012, com a publicação da norma, foi criado o segmento de geração distribuída e o setor elétrico passou a permitir a geração distribuída, em que a energia pode ser gerada pelo consumidor, próximo ou no mesmo local de consumo. Além de ser vantajosa para os consumidores por ser mais barata, a criação da geração distribuída também estimula o uso da energia renovável no Brasil, porque a norma institui que os micro e minigeradores instalados só podem ser alimentados por fontes de energia limpa (solar, hidráulica, eólica e biomassa).
Esta área está em pleno avanço: segundo o BEN (Balanço Energético Nacional) 2019, realizado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a capacidade instalada da Micro e minigeração distribuída teve um crescimento, de 2017 para 2018, de 300%.
A continuação da expansão deste mercado vai gerar várias oportunidades no mercado de energia, que vai exigir profissionais qualificados e preparados para lidar com fontes de energia renováveis. O setor de energia solar fotovoltaica, por exemplo, avança por todo o território nacional.
Superando o desafio energético
Este desafio vai afetar o mundo inteiro e exige profissionais qualificados e atualizados com as últimas tendências, que possam acompanhar não somente a demanda energética, mas o processo de mudança de fontes energéticas. O cenário é promissor no que tange o desenvolvimento do mercado e geração de empregos, mas requer compromisso e estudo para ajudar a manter o padrão de vida que temos hoje.
É importante lembrar que estamos agora na Quarta Revolução Industrial, a chamada indústria 4.0, continuação do desenvolvimento tecnológico com surgimento de várias inovações, como a inteligência artificial. Esse desenvolvimento será responsável por grandes avanços para a humanidade, mas é preciso ter condições para manter esse mundo conectado funcionando.
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